A dor lancinante na lombar ou no pescoço, a sensação de formigamento que irradia para as pernas ou braços e a limitação das atividades diárias fazem da hérnia de disco um dos problemas de coluna mais temidos.
Mas e se você pudesse aliviar esses sintomas sem precisar passar por um bisturi? Neste artigo, você vai entender em detalhes como o neurocirurgião trata hérnia de disco sem cirurgia, quais são as técnicas conservadoras mais eficazes, quando considerá-las, e como manter sua coluna saudável a longo prazo.
Prepare-se para uma leitura profunda, com explicações claras, linguagem acessível e dicas práticas que vão muito além do básico.

Neurocirurgião trata hérnia de disco sem cirurgia?
Logo após confirmar o diagnóstico, geralmente por meio de exame clínico e ressonância magnética, o neurocirurgião monta um plano de tratamento individualizado que prioriza métodos não invasivos.
Em uma consulta com neurocirurgião são avaliados fatores como a localização e o tamanho da hérnia, a intensidade da dor, sinais de comprometimento nervoso (como fraqueza ou alterações sensoriais) e condições gerais de saúde. A partir dessa análise, o especialista conduz o paciente por etapas progressivas:
- Estabilização e fortalecimento
Inicialmente, o foco está na estabilização da coluna. O paciente aprende exercícios específicos para ativar o “core” , o conjunto de músculos abdominais e paravertebrais que sustentam a coluna. Esses movimentos ajudam a reduzir a carga sobre o disco lesionado, controlando a dor e evitando agravamentos. - Controle farmacológico criterioso
A combinação de analgésicos simples e anti-inflamatórios não esteroidais oferece alívio nas fases mais agudas. Se a dor persistir e afetar o sono ou o humor, o uso de um antidepressivo para dor em baixas doses pode ser introduzido. Esse medicamento, além de modular vias envolvidas na percepção da dor, melhora o estado emocional, contribuindo para uma recuperação mais rápida e menos dependente de opioides. - Técnicas de infiltração guiadas por imagem
Quando a dor não responde adequadamente à medicação oral e à fisioterapia inicial, o neurocirurgião pode aplicar injeções de anestésico e corticoide diretamente junto à raiz nervosa comprimida ou no espaço epidural. Esse procedimento, realizado sob fluoroscopia ou ultrassom, promove alívio localizado e temporário, suficiente para potencializar o ganho funcional com a reabilitação. - Procedimentos minimamente invasivos
Para hérnias pequenas a moderadas que não melhoram com as etapas anteriores, existem técnicas percutâneas que alteram o disco sem necessidade de grandes incisões. A nucleoplastia percutânea e a radiofrequência intradiscal são exemplos de tratamentos que, em muitos casos, evitam a cirurgia tradicional.
Graças a essa abordagem escalonada, a grande maioria dos pacientes recupera-se em poucas semanas ou meses, sem enfrentar os riscos e o período de repouso prolongado associados à cirurgia aberta.
Entendendo a hérnia de disco
Para compreender por que o tratamento conservador pode ser tão eficaz, é importante conhecer a estrutura da coluna e como surge a hérnia.
O que é a hérnia de disco
Os discos intervertebrais funcionam como amortecedores entre as vértebras, compostos por um núcleo gelatinoso (núcleo pulposo) envolto por um anel fibroso resistente. Com o tempo, microlesões e o desgaste natural podem levar a pequenas fissuras nesse anel.
Quando o núcleo extravasa por essas fissuras, forma-se a hérnia, que pode pressionar raízes nervosas ou a medula espinhal, desencadeando dor intensa, formigamento, fraqueza e até alterações de reflexo.
Onde ocorre e por que acontece
Embora qualquer região da coluna possa ser afetada, as regiões lombar (L4–L5 e L5–S1) e cervical (C5–C6 e C6–C7) são as mais comuns devido à maior sobrecarga mecânica. Entre os principais fatores de risco estão o envelhecimento natural dos discos, esforços repetitivos, levantamento de peso sem técnica adequada, sedentarismo, excesso de peso e predisposição genética.
O tabagismo, por reduzir a vascularização dos discos, também acelera o processo degenerativo.
Tratamentos conservadores aplicados pelo neurocirurgião
Fisioterapia e reabilitação funcional
A partir do momento em que o diagnóstico é feito, o neurocirurgião orienta o paciente a iniciar um programa de fisioterapia com foco em estabilização. Sob supervisão, o paciente executa exercícios para fortalecer o core, melhorar a mobilidade articular e alongar cadeias musculares tensionadas.
A progressão é gradual: começa-se por movimentos simples e progride-se para exercícios de carga controlada, sempre respeitando o nível de dor tolerável.
Antidepressivo para dor e outras opções farmacológicas
Quando a dor persiste e interfere na qualidade de vida, o especialista pode introduzir um antidepressivo tricíclico ou um inibidor seletivo de recaptação de serotonina em doses subterapêuticas.
Esses fármacos atuam em caminhos neurais que modulam a dor crônica, potencializando o efeito dos anti-inflamatórios e reduzindo a necessidade de opioides. Ao mesmo tempo, antibióticos musculares e relaxantes podem ser usados por curtos períodos para aliviar espasmos intensos.
Infiltrações: alívio localizado e funcional
As infiltrações atravessam a barreira clássica da medicação oral. Utilizando imagens em tempo real, o neurocirurgião direciona a agulha até o local exato da compressão. Uma vez aplicada a combinação de anestésico local e corticoide, ocorre redução da inflamação ao redor da raiz nervosa, o que gera alívio que pode durar semanas ou meses.
Esse “respiro doloroso” é fundamental para que o paciente consiga intensificar os exercícios de reabilitação, acelerando a recuperação.
Procedimentos minimamente invasivos
Nucleoplastia percutânea
Também chamada de “plasma de disco”, a nucleoplastia utiliza energia de radiofrequência para remover parte do núcleo pulposo. Inserida uma fina agulha sob orientação, o dispositivo gera um canal de descompressão que alivia a pressão sobre a raiz nervosa. A recuperação costuma ser rápida e sem necessidade de internação.
Radiofrequência intradiscal
Neste procedimento, uma agulha especial introduz um eletrodo no interior do disco, aplicando ondas de alta frequência que desidratam o núcleo. A redução do volume interno diminui a protrusão, aliviando os sintomas. É especialmente útil em hérnias contidas, onde o material não chegou a extravasar completamente.
Resultados e limitações
Estudos apontam taxas de sucesso de 70–80 % para essas técnicas em casos selecionados, com retorno às atividades normais em poucos dias. No entanto, elas não são indicadas em hérnias muito volumosas ou com extravasamento significativo de material discal, situações em que a cirurgia aberta pode ser inevitável.
Quando considerar a cirurgia
Em algumas circunstâncias, mesmo o protocolo conservador mais completo não é suficiente. Indicações claras para cirurgia incluem:
- Déficits neurológicos progressivos, como fraqueza acentuada, falta de controle de esfíncteres ou alterações sensoriais graves.
- Hérnia extrusa volumosa, que não recua após oito semanas de tratamento não invasivo.
- Dor intratável que impeça o paciente de realizar atividades básicas do dia a dia, mesmo com infiltrações e reabilitação.
Nessas situações, o neurocirurgião avaliará técnicas como discectomia aberta, microdiscectomia ou abordagens endoscópicas, sempre com o objetivo de minimizar o trauma cirúrgico e otimizar a recuperação.
Prevenção e cuidados a longo prazo
Hábitos saudáveis para a coluna
Manter o core fortalecido é a melhor estratégia para distribuir corretamente as cargas. Além disso, exercícios aeróbicos de baixo impacto, como caminhada, natação e hidroginástica, favorecem a nutrição dos discos através da alternância de pressões. Controle do peso corporal e uma dieta rica em nutrientes anti-inflamatórios (ômega-3, frutas vermelhas, vegetais verdes) também são fundamentais.
Ergonomia no cotidiano
Pequenas mudanças no ambiente de trabalho e em casa fazem grande diferença. Use cadeira com bom suporte lombar, posicione o monitor na altura dos olhos e faça pausas a cada 30 a 40 minutos para alongar a coluna e as pernas. Ao levantar objetos, dobre os joelhos, mantenha a coluna ereta e aproxime o peso do corpo.
Próximos Passos para uma Coluna Saudável
O manejo da hérnia de disco pelo neurocirurgião vai muito além do bisturi. Iniciando por uma consulta com neurocirurgião, você passa por um caminho estruturado que envolve reabilitação funcional, controle farmacológico, inclusive com antidepressivo para dor quando necessário, infiltrações de precisão e, se preciso, procedimentos minimamente invasivos.
Essa abordagem escalonada resolve a maioria dos casos, evitando os riscos da cirurgia aberta e acelerando o retorno às atividades. Se você sente sintomas persistentes, não deixe para depois: procure um especialista, siga o protocolo adequado e invista na saúde da sua coluna para viver com mais conforto e liberdade.
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